Tempo que há-de vir a ser |
_PRÓLOGO_
As primeiras imagens
que me contaminam são reveladoras. É noite, sigo por uma estrada iluminada em
silêncio........ , pondo em evidencia um percurso, em todo o caso marcado pela
descontinuidade. Do que possa haver à volta paisagem nada conhecemos seqüência
que na aparência responderia à pergunta que se associou à promoção dúvida. Mas para entender, se isso faz sentido no que se apresenta e de certa
maneira desafia toda a minha lógica interpretativa, é provavelmente necessário
ir mais atrás... Realmente constru-O não na base de uma narrativa coerente, mas
a partir de sensações que me impregnam. Há um crime, o que é uma referência
habitual no cotidiano que se remete para um jogo de natureza intelectual. Supõe-se uma grave perturbação psíquica, eventualmente uma esquizofrenia,
mas o desconcerto pela ausência que se desdobram ou transformam, numa espécie
de transrealidade, que se poderá aceitar como expressiva da condição
moderna,onde a própria identidade se sente ameaçada e a desrealização pode
constituir-se uma vivência mais comum neste ambiente e toda a sua lógica de
construção são semelhantes. Para entender, se esse objetivo faz sentido e
obviamente pode se sustentar no aleatório ou totalmente arbitrário é útil recordar
referências........ No
caso dessa fase da vida e outros aspectos podiam decifrar-se num sentido que apesar
da sensação de estranheza de certa maneira acolhia. E o que fica é a dificuldade de estabelecer um sentido, e uma lógica de
construção, onde se desafia a realidade, sem que o registro seja de natureza
onírica, e os sons , , têm um papel primordial, como um ruído que interfere e
antecipa a desorganização, e não a expectativa, não tem que fazer sentido para
os outros , é como caminhar na mente de alguém que está obcecado.mental , na ausência de uma visão
propriamente psicológica , corre o risco de em si transportar uma certa
dissolução de identidade nos limites do insuportável, e então resta apenas um
entendimento como expressão de uma ameaça cultural e aos próprios sentidos da
sociedade contemporânea. O que permite recuperar alguma inteligibilidade a um objeto que parece
ter sido concebido contra a própria possibilidade de um sentido.
_1ª MOVIMENTO - AUTOMATO_
Esta revolução será preferivelmente mundial,
simultânea em todos os pontos, ou os pontos importantes, do mundo; ou, partirá
rapidamente de uns para outros, combaterá, por todos os meios acessíveis, as
ficções sociais; não estorvará nunca da sociedade livre; criará, sendo
possível, qualquer coisa da futura liberdade.
_INTERLÚDIO DE
DESVIOS_
1-"A
parte mais feia do seu corpo é sua mente que como um pára-quedas. Só funciona
se abri-lo."
2-"Tudo
o que é desordem, revolta e caos me interessa; e particularmente as atividades
que parecem não ter nenhum sentido. Talvez sejam o caminho para a liberdade.
A rebelião externa é o único modo de
realizar a libertação interior"
3-Nós
nunca nos realizamos.
Somos dois abismos - um poço fitando o
céu
4-"O
tempo passa e um pouco de tudo aquilo que nós chamávamos de falsidade se
transforma em verdade. Assim nossas alucinações são alegorias
da realidade."
5-"Uma
casa sem livros é como uma casa sem janelas."
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_2ª MOVIMENTO-EXCEÇÃO_
Vejo-me do que
farei dos meus momentos transitórios, renegando a natureza o que nela é
fecundado. Onde meus tédios serão padre-nossos e as minhas angústias
ave-marias.........
Ficarei assim
eternamente como uma figura de mulher em vitral defronte uma figura de homem
noutro vitral........
Entre nós,
sombras cujos passos soam frios, o silêncio da humanidade passando......murmúrios
de rezas, segredos de estado passarão entre nós........
E nós sempre os
mesmos vitrais nas cores do dia, nas linhas quando a noite caia.....
Os séculos não
tocarão na nossa imobilidade vítrea .....lá fora passarão civilizações,
revoltas, festas, correrão mansos quotidianos.......
E nós irreais,
teremos sempre o mesmo gesto inútil e a mesma existência falsa.
Até [que] um
dia, no fim das férias, a igreja finalmente rua e tudo acabe......
Mas nós que não
sabemos dela ficaremos ainda, não sei como, não sei em que espaço, não sei por
que tempo, vitrais eternos onde dois anjos de mãos postas gelam em mármore a
idéia de morte.
_EPÍLOGO INACABADO_
E
você que, tantas vezes imunda, tantas vezes execrável, tantas vezes
irresponsavelmente parasita, na sujeira indesculpável de tantas vezes não ter
tido paciência para tomar um banho, que tantas vezes tem sido ridícula,
absurda, sórdida e repugnante,
Que
tens se enrolado nos tapetes das etiquetas, tem sido grotesca, mesquinha,
submissa e arrogante.
Que
sofre de enxovalhos e calada e assim mesmo pediu emprestado sem pagar, que,
quando a hora do soco surgiu, se viu agachada foi abominável, desprezível,
indigna, canalha, ordinária e rasa. quando tens sentido o piscar de olhos dos
moços,
Mas, sofre a angústia das pequenas
coisas ridículas.
AMANDA MEI. 2008
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