Um céu profundo e infinito de longas cores de azuis profundos e pretos, que passeiam pela imagem como gaivotas a rodar um cardume de peixes. Não se vê nada, apenas as nuances dessas duas cores que não apenas se intercalam, mas formam a perfeita noite. Noite esta onde abaixo se encontram galhos e pinceladas verdes de árvores a espreita de um novo bicho que irá mergulhar no profundo negro, e encontrará. Encontrará o que todos aqueles procuram, no profundo. No silêncio vasto e imperfeito, onde pequenos e mínimos sons dão lugar ao calado bicho, escutam- se besouros que se mexem e colidem suas cascas uns com os outros. As pegadas de bichos medianos, que também procuram, produzindo um som que craquela o silêncio, que faz com que arrepie toda sua carne. Nessa noite na qual se sente o raspar das asas das aves que perseguem sorrateiras sem dizer uma única palavra. o cheiro característico das árvores o remete a lembranças, que são um tanto quanto indesejáveis como aqueles sonhos perturbantes que se tem numa noite de verão pegajoso. O bicho imóvel observa a erupção do horizonte, na forma de meio olho vítreo que irá refletir todas as poças úmidas e frias. São mínimos raios que irão formar o outro. E será nesse chão frio e inóspito que ele encontra aquilo o que procurava. |